Não,
você não leu errado. Também não foi um erro de digitação. O “x” está sim no
meio da palavra. Vou explicar. Desde que comecei a escrever, tenho andado às
voltas com uma questão. É que inevitavelmente sinto uma repulsa pelas coisas
que escrevo um tempo depois de tê-las escrito. Isso me deixava bastante
chateada até um tempo atrás, porque, sendo uma autora independente, crescia a
dificuldade em conseguir vender meus livros. De modo que meu desejo era sempre
de publicar coisas novas, ainda que houvesse uma pilha dos livros já publicados
todos por serem vendidos. Pois bem, ainda que Lacan seja incompreensível, tempos
atrás, li no Seminário 20 a expressão: “publixo”. A escrita como algo que sai
de nós para o lixo.
A escrita, pelo menos no meu caso –
e acredito que no de várias outras pessoas com quem tenho trocado ideia –, é da
ordem da excreção. Excretamos palavras que nos invadem até não caber mais, ou palavras
que nos habitam sabe-se lá desde quando, desde antes de nascermos? Chega um
momento, e cada um tem o seu, em que precisamos colocar isso pra fora. Mas o
mais estranho é que, depois de um tempo, não me reconheço naquilo que excretei.
As palavras soam estranhas. Fui eu que escrevi isso? Chego a me perguntar. Conversando
com um amigo escritor, que não citarei o nome para não constrangê-lo, ele me
disse que muitas vezes, enquanto escreve, tem vontade de chutar aquela merda
toda e desistir.
Não
deixa de ser uma relação de amor e ódio com nossa própria excreção. Não deixa
de ser um trabalho difícil, ainda que prazeroso, se bem lembrarmos que gozamos
sofrendo também. Mas talvez pela repulsa por aquilo que escrevemos, fique mais
clara a relação de insegurança que temos com nossa produção. Como alguém pode
gostar desta merda? Obviamente é muito bom quando um leitor volta para dizer
que gostou. Isso, certamente, nos faz querer continuar. Mas, para além disso,
há uma necessidade de continuar.
A
conclusão desta merda toda é que não consigo mais pensar em outra série de
palavras a não ser esta: excreção, excretar, excrever, excrita. Talvez por isso
viver da excrita seja quase da ordem do impossível. Hei! Você quer comprar meus
excritos? Excretei com muita angústia e satisfação. É constrangedor, no mínimo.
Tem alguém aí que lida de modo diferente com aquilo que “publixa”? Me conta,
por favor.
Isloany Machado,
07.07.2017
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