Milhares de pessoas andam, todos os dias, de um
lado para outro. Cruzam avenidas, sobem e descem escadas, aguardam o ônibus, o
metrô, de vez em quando caem nos vãos da estação e acabam sendo mastigadas pela
pressa supersônica de um tempo em que não se pode esperar. Alguns, ligados no
automático, pilotam seus carros, que também são automáticos. Dirigem sem ter
condições de digerir a vida. Assim é que vemos, todos os dias, uma dança de
corpos. Um certo bailar de pessoas que até pra sofrer não podem demorar muito. Poderíamos
dizer que essa dança maluca, que não dá espaço nem para o pensamento, seria uma
forma de manter a dor guardada num canto pra ver se esquece de doer?