Querido
sobrinho,
Já
está se tornando um mantra dizer que sinto saudades, não é? Mas não há como não
dizer. Estamos longe um do outro e fico tentando pensar em maneiras de
minimizar isso. Talvez eu sempre seja aquela tia que mora longe, que você vê de
vez em quando. Então, queria que você soubesse, de alguma maneira, que eu
sempre penso em você e tive a ideia de te escrever essas cartas, mesmo que você
ainda não saiba ler. Sei que talvez um dia isso possa servir para alguma coisa.
Também o que escrevo aqui não é a verdade absoluta. Talvez esta seja a minha
verdade, e colocar isso no papel é uma forma de te dizer como encontrei um
caminho alternativo contra tudo o que quiseram me fazer acreditar. Mas sabe,
pequeno, tudo o que a gente aprende gruda em nós de um jeito que parece piche.
Às vezes eu gostaria de me livrar de algumas coisas da memória, mas não
consigo. Explico melhor.