Texto lido ao final do seminário em Dourados dia 06/04/2013, sobre "A constituição do sujeito e o Outro: o surgimento da angústia".
"Ser
ou não ser, eis a questão."
Questão
que assola os pensadores desde muito tempo.
Quem
é o homem? Categoria geral.
Quem
sou eu? É o que às vezes nos perguntamos, mesmo sem sermos filósofos.
Antes
não perguntássemos. Talvez pudéssemos pensar como Macabéa, personagem de
Clarice Lispector: “Já que sou, o jeito é ser”.
Mas
nós que cá estamos, a querer saber quem diabos é o sujeito, nós já não
conseguimos simplesmente ser. A pergunta nos angustia. A não resposta nos
angustia mais ainda. Mas quando descobrimos que o melhor é não ser, ficamos
aliviados, contentes. Há que se ter mais coragem para bancar o não ser do que o
ser.
Nós
que cá estamos, sabemos que há algo para o que não há resposta. E quando alguém
nos procura a querer saber quem é, temos o dever de fazê-la descobrir quem ela
não é. Por isso colocamos e pessoa para falar, limpar a chaminé, dizer
besteiras. Assim ela poderá se surpreender com quantas coisas ela poderia não
ser e perdeu tempo tentando ser aquilo que os outros esperavam dela.
Nos
angustiamos quando somos questionados lá na raiz do nosso desejo, pois este é
nossa marca como sujeitos. Que queres? É o que perguntamos ao Outro nas
tentativas fantasmáticas de sermos. Mas quando nos perguntam “Que queres?” nos
separam de nossas identificações, mutilam nossas certezas, arrancam nossas
raízes. Como não angustiar-se diante disso? Como o desamparo pode não doer? Não
há como não doer para desejar.
E
quando achamos que somos, a angústia sai de baixo do tapete para dizer quem não
somos.
A
angústia é a dor do descolamento das identificações, é a cólica que antecede o
parto de um desejo mais autêntico, menos alienado. Cólicas que nos fazem parir
outros de nós, desfazendo os nós a que estamos atados aos Outros.
Devemos
saber que a angústia bate na aorta quando o sujeito do inconsciente sai pela
boca. E quando o desejo invade a sala, a angústia sai pela janela.
Isloany
Machado, 05 de abril de 2013.
Isloany, só tenho uma coisa a dizer: PERFEITO!
ResponderExcluirMaria Inês, de minha parte tenho duas: Muito obrigada!!! Abraço.
ExcluirAdorei seu Blog, já sou sua fã.
ResponderExcluirSeja bem-vinda ao blog Daniele!!!
Excluir"E quando o desejo invade a sala, a angústia sai pela janela" já é um texto. Adorei.
ResponderExcluirMuito bom, seus textos transmitem algo muito positivo. Grande abraço
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