Para Leandro Laureti
Estive
pensando sobre o tempo.
Pedi
a ele que quando passasse, que viesse enfeitado, cheio de luzes, para que eu
pudesse olhar minuciosamente, segundo a segundo.
Olhei
para a cadeira ao lado e vi uma moça com os olhos distraídos, querendo que o
tempo passasse logo. Estava apressada.
Um
dia desejei que passasse rápido, num tempo longínquo em que passava o tempo
brincando de verbo de ligação. Mas meu desejo foi curto. Em pouco tempo voltei
a querer vê-lo de perto.
O
peito estava agora atravessado com grande expectativa. Com medo que ele
passasse rápido e eu sequer tivesse tempo de vê-lo passar.
Lá
vinha o tempo a galope. Sim, ele
passaria rápido! Tentei manter os olhos muito abertos, não piscava, pois sabia
que se trataria de um flash. No minuto mesmo em que ele passou por mim,
agarrei-o pelas orelhas e subi em seu lombo. O coração parecia ter se dividido
em pequenos fragmentos e pulsava nas extremidades do corpo.
Cabelos
deitados, boca semi-aberta, eu bebia o vento sem saber pra onde o tempo me
levaria. Olhos arregalados para não perder nada, lacrimosos.
De
repente, o tempo parou. Bruscamente fui
lançada sobre uma manta seca de folhas e terra.
Enquanto tentava entender o que acontecia, apalpando as feridas da queda
e batendo a poeira, me deparei com dois olhos docemente tristímidos. Lá estava
você.
Durante
a queda, meu coração, que parecia estar fragmentado, espalhou-se pelo
chão. Não havia mais conserto, foi o que
pensei. Você gentilmente estendeu-me a mão e, enquanto eu catava os cacos do
coração, feito de uma massa palavrosa, você me ajudou a refazê-lo.
Rolamos
no chão, subimos as árvores, apreciamos as luzes, fotografamos com nossas
lentes da memória cada imagem do dia em que o tempo parou.
Olhamos
o tempo e ele continuava ali parado, lambendo as patas fatigadas pela corrida.
Eu tinha que ir, e ele já dava sinais de querer escurecer. Montada no lombo do
tempo, chamei você. Venha passear no tempo comigo. O tempo acha que é Rei, mas
não sabe que o guiamos pelas orelhas. Venha! Você hesitou, acho que sempre teve
um pouco de medo do tempo. Talvez tenha pensado que ficando de longe, não o
veria passar com pressa.
Mas,
meu bem, o tempo não espera! Não se esquive dele, venha comigo, você pode me
abraçar na cintura que eu estou bem presa às orelhas do tempo. Não tenha medo!
Se você cair, caímos juntos e assim levantamos um ao outro. Mantenha os olhos
bem abertos e a boca semi-cerrada, lembre-se que o vento tem um sabor
inigualável, sabor de tempo quando foge.
Vamos
fugir com o tempo, não o deixaremos passar tão depressa, agarraremos fortemente
suas orelhas até que ele freie um pouco, talvez pare quando quisermos mesclar
nossos corações fragmentados. Se sentires medo durante a corrida, pouse a
cabeça nas minhas costas e segure firme na cintura, feche os olhos, mas não por
muito tempo para não perder a vista da paisagem.
Se
eu sentir medo? Coloque suas mãos nas orelhas do tempo enquanto eu ergo as
minhas no alto e grito para aliviar o medo.
A
corrida com o tempo, meu bem, é sem volta. Mas não choremos antes da hora. Não!
Ao contrário, vamos apreciar a beleza da vista, o sabor do vento, o cheiro
adocicado do medo. Há ainda muito para nossos olhos verem. Vem! Assim, juntos,
não morreremos do tempo, morreremos de amor.
Isloany
Machado, 24 de janeiro de 2013.
Lindo, lindo, lindo! Meus parabéns!
ResponderExcluir=D valeu!!!
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