*A
história do dia em que conheci Manoel de Barros. Como dizia ele, “só dez por cento é
mentira”.
Confesso que não queria contar.
Mais pelo ridículo da cena do que por causa de qualquer outra coisa. Eu nunca
consegui ser tiete de nenhum artista famoso, nem na adolescência, época em que
as meninas escolhem seus ídolos e estampam seus rostos em todas as paredes do
quarto. Uma vez, aos treze anos até tentei seguir a tietagem de uma amiga que
era muito fã de dois grupos musicais e de Leonardo Dicaprio. Minha mãe comprou
um discman pra mim e mais os dois
cds, decorei todas as músicas, mas, assim que minha amiga mudou de cidade, o discman ficou esquecido num canto.
Quanto ao Dicaprio, comprei uma revista cuja capa estampava “Leonardo de A a Z”,
no meio vinha um pôster dele, mas sequer colei na parede. Certa vez minha mãe
viajou e encontrou no aeroporto um ator global, chegou feliz em casa dizendo
que havia conseguido pra mim o autógrafo do ator fulano de tal, que eu nem
sabia quem era. Assim foi que nunca tive a capacidade de me emocionar com
nenhum artista.