Virei a última página do livro e
senti que esfarelava em minhas mãos depois da ventania que aquela história
causou em mim. Ventos tão fortes e devastadores que não pude deixar de me perguntar:
- Isloany, onde é que você esteve durante todo o
tempo em que não leu Cem anos de solidão? O que fez da sua vida até agora?
Disse mim.
- Eu só queria ter fugido da devastação, mas
algumas coisas são inevitáveis na vida. Ler este livro, por exemplo, é uma das coisas
indispensáveis, apesar de meus olhos terem se enchido de poeira depois do
vendaval. Afirmei comigo mesma.
- Isloany, não há justificativa plausível para o
fato de nunca tê-lo lido. Onde mesmo você estava? Por onde andou? Esbravejou
mim com os olhos vermelhos de raiva.
- Provavelmente eu estive debruçada em livros de
psicanálise tentando entender as neuroses, cujo núcleo é o romance familiar. A família
é o núcleo da neurose, você sabia? Entendi isso depois de alguns anos desfiando
e descosturando as linhas com as quais costurei minhas histórias familiares. Mas
bem que Freud dizia que um artista sempre chega antes que o psicanalista. Isso
e muitas outras coisas ficaram nítidas para comigo mesma depois de ler esta obra
prima de Gabriel García Marquez.