Estimado
cavaleiro errante, bravo Dom Quixote de La Mancha. É com muito pesar que
lamento tê-lo conhecido tantos anos depois de tua tão heroica e aventureira
vida vivida nos idos de 1605. Desejaria ter sido contemporânea tua para ter a
honra de conhecer uma pessoa tão valorosa e sincera como tu foste. Há apenas
dez minutos terminei de ler o livro que conta sobre tuas aventuras como
cavaleiro errante, em companhia de Sancho Pança. Em vários momentos ri das
parvoíces de Sancho, mas ele também foi um homem muito valoroso, pois mesmo
quando todos diziam que tu estavas louco, ele não te abandonou sequer um
minuto, mesmo em teu leito de morte.
Sabe Cavaleiro da Triste Figura,
apesar de terem se passado muitos séculos, o mundo ainda não permite que
sonhemos. Na verdade, os sonhadores continuam sendo chamados de loucos, assim
como em vida tu foste. As pessoas “sãs” não suportam as divagações daqueles que
acreditam que é preciso lutar contra as injustiças desse mundo. Continuam a
troçar com todos os que sabem um tantinho a mais sobre o real. Tu, digníssimo
cavaleiro, carregavas contigo a certeza de que tua missão era a de levar um
pouco de alento para os corações que sofrem com as mazelas humanas.